quinta-feira, 1 de setembro de 2011

GATO PELO CURTO BRASILEIRO: UM FELINO GENUINAMENTE NACIONAL


Por Cássio Ribeiro

 

Viralatas, ladrão, arruaceiro e barulhento quando acasala durante as madrugadas sobre os telhados das casas formadoras das cidades em todas as regiões do Brasil. Muita gente classifica assim os felinos tão comuns em nossas ruas, praças, jardins e muros, mas o que pouca gente sabe, é que esse tal bichano tão comum no cotidiano Brasileiro é reconhecido internacionalmente pela World Cat Federation, desde 1998, como o Pêlo Curto Brasileiro (Brazilian Shorthair), a primeira raça de gatos tipicamente nacional.


O Pêlo Curto Brasileiro, que já tem até um selo do Correio lançado em sua homenagem, é descendente dos exemplares da subespécie Felis Silvestris Iberica, trazida pelos portugueses a partir do início da colonização. Porém, no Brasil, a espécie desenvolveu um padrão específico e não é mais enquadrada na mesma classificação dos primeiros felinos trazidos da Europa.



Pêlo Curto Brasileiro, ...



uma raça genuinamente nacional


A mobilização para reconhecer nossos gatos como formadores de uma raça específica teve início em 1985, quando o criador Paulo Ruschi, então presidente da Federação Brasileira do Gato, sediada no Rio de Janeiro, organizou equipes de 3 e 4 criadores, para que fossem observadas e relacionadas as características comuns de nossos felinos, a fim de que pudessem ser estabelecidos os padrões que originariam a reivindicação de que o Pêlo Curto Brasileiro pudesse ser reconhecido internacionalmente como uma nova raça.

As pesquisas foram realizadas no Rio de Janeiro, no Ceará e no Rio Grande do Sul. Os criadores andaram pelas ruas e cadastraram 40 gatos, que tiveram estudados a forma do corpo, o nariz, a cabeça, as patas, os olhos, a cauda, o focinho e a pelugem. Apesar da distância entre as regiões onde os bichanos foram observados, muitos aspectos comuns entre as características dos felinos foram constatados. A partir dessas caraterísticas comuns, foram estabelecidos os padrões da nova raça batizada com o nome de Pêlo Curto Brasileiro.


Para que uma nova raça seja aceita como tal, é necessário que características físicas comuns tenham sido transmitidas pelos ancestrais à atual geração, e continuem a ser passadas aos descendestes desta.








Foi observado que as características comuns responsáveis pela classificação de um gato como sendo Pêlo Curto Brasileiro são: peito largo, pernas de tamanho médio e patas arredondadas, cabeça de tamanho médio ou pequeno, mais comprida do que arredondada.

O pêlo é bem deitado junto ao corpo, sedoso, com cores vivas e brilhantes; apresentam cores creme, dourada, castanho clara, cinza, amarelo, preto e mesclado bicolor. Não há subpêlo. O corpo é longo e elegante, sem aspecto excessivamente musculoso.

As orelhas são médias ou grandes, arredondadas nas pontas; sua altura é sempre maior que a largura da base, e são posicionadas acima da cabeça levemente para o lado. A cauda é média ou longa, não é grossa na base e vai afinando até a ponta, que possui característica arredondada.

Os olhos são bem abertos e redondos, com sutil obliqüidade e geralmente combinando com a cor dos pêlos. Alguns gatos brancos da raça podem apresentar um olho de cada cor.








Depois que essas características físicas foram estabelecidas como o padrão da raça, os criadores brasileiros solicitaram à Word Cat Federation (WCF), com sede na Alemanha e representada em 17 países, o reconhecimento internacional do Pêlo Curto Brasileiro como uma nova raça genuinamente nacional. O reconhecimento da WCF não ocorreu num primeiro momento, porém, a Federação Brasileira do Gato (FBG) começou a emitir o Registro Inicial (RI), que é uma espécie de pedigree concedido a novas raças. Gatos de rua que se enquadrassem no padrão estabelecido recebiam o RI da FBG.





Apesar dos esforços iniciais para o reconhecimento de uma nova raça genuinamente brasileira, o número de criadores profissionais era bem pequeno, já que o gato brasileiro, encontrado tão facilmente nas ruas, não tinha expressivo valor comercial.

Em 1997, o criador Paulo Ruschi foi convidado para dar uma palestra para juizes e dirigentes da World Cat Federation, na Alemanha. O estudo foi apresentado e, um ano depois, em 1998, nosso gato "verde e amarelo" foi reconhecido como a raça Pêlo Curto Brasileiro pela WCF, que recomendou que as particularidades físicas da nova raça fossem aceitas como o padrão oficial do gato brasileiro.











A raça Pêlo Curto Brasileiro obedece a um padrão internacional rígido. Sendo assim, nem todo gato encontrado no Brasil é um Pêlo Curto Brasileiro puro. A criadora Sylvia Roris, dona do Gatil Syarte, foi a primeira a exportar exemplares da raça. Ela afirma que o Pêlo Curto é muito dócil com estranhos: "Só o dono pode mudar esse comportamento. Uma pessoa agressiva tem grandes chances de ter um gato da mesma forma", diz Sylvia, e completa contando que eles chegam perto das visitas, pulam no colo, se enlaçam nas pernas e trocam afagos e carinhos.

Sylvia também recomenda que os criadores dêem, além da ração comum, uma porção de ração úmida pelo menos uma vez ao dia, pois como o gato é um animal originário do deserto, às vezes não bebe água e o alimento úmido acaba ajudando na hidratação, sendo excelente para manter a saúde dos bichanos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

OS MISTÉRIOS DA PEDRA DA GÁVEA

Por Cássio Ribeiro


As 13 caravelas com mais de mil homens comandados pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral estavam bem próximas da costa brasileira. Depois de mais de 40 dias navegando pelo Atlântico, os lusitanos avistaram o Monte Pascoal, próximo a Porto Seguro, na Bahia, em 22 de abril de 1500.


Os portugueses então seguiram para o norte e atracaram na baía Cabrália, dois dias depois, em 24 de abril. A primeira missa em território brasileiro foi rezada na manhã do dia 26 de abril, um domingo, pelo frei Henrique de Coimbra. Depois da missa, os portugueses seguiram viagem para as índias.


O início da História do Brasil começa oficialmente no breve relato acima. Pouco é sabido sobre o Brasil antes da chegada de Cabral, mas é certo que a seqüência histórica a partir do Descobrimento revelou alguns enigmas, ainda não muito bem esclarecidos, sobre a suposta estada de povos navegadores da antigüidade na costa Brasileira, muito antes dos portugueses.


Os lusitanos retornaram ao Brasil em 1501, para um reconhecimento mais detalhado da costa das terras recém-descobertas. Navegaram em três grandes caravelas pelo litoral brasileiro entre 10 de maio de 1501 e 7 de setembro de 1502, dando nome aos acidentes geográficos que mais se destacavam na vista que tinham da costa.


Em 1 de janeiro de 1502, os portugueses chegaram ao local que achavam ser a foz de um grande rio, e deram-no o nome de Rio de Janeiro. Porém, na vista do relevo daquele lugar, uma elevação se erguia a partir da beira do mar e se destacava com seu topo de granito, a 842 metros de altitude, ao lembrar o formato das gáveas das caravelas, que eram plataformas nos topos dos mastros, de onde os navegadores buscavam avistar ilhas ou continentes no horizonte. A curiosa formação rochosa acabou batizada com o nome de Pedra da Gávea pelos portugueses.




A singular forma da Pedra da Gávea lembra, mesmo que desgastada pela ação erosiva do tempo, um rosto enrugado, com longas barbas, e que pertence ao corpo de um leão montado no topo do morro. Essa suposta forma de uma antiga esfinge deixou o rei português Dom João 6º ainda mais curioso, quando um grupo de investigadores relatou a existência de estranhos sinais medindo 15 metros de altura por 4 metros de largura, entalhados na rocha do lado direito da 'têmpora' da imensa figura 'humana'.

Em 1839, uma expedição liderada pelo historiador Manoel Araújo Porto Alegre confirmou a localização dos estranhos sinais. A surpresa geral veio a público quase um século depois, em 1928, quando o arqueólogo amazonense Bernardo da Silva Ramos (1858–1931) publicou o livro 'Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, Especialmente do Brasil', onde afirma que os sinais são inscrições fenícias, cuja tradução para o português revela: "Tyro, Fenícia, Badezir, primogênito de Jethbaal". Em 856 Antes de Cristo, Badezir sucedeu o pai no trono da cidade de Tiro, capital da Fenícia, e reinou até 850 AC, quando desapareceu misteriosamente.



Inscrições existentes na "têmpora" direita da suposta "esfinge", e a tradução para o hebraico e o português




Bernardo Ramos revela ainda no livro, que várias palavras indígenas brasileiras possuem origem no antigo idioma fenício. Em vários lugares do Brasil, além da Pedra da Gávea, foram encontradas supostas inscrições fenícias gravadas em rochas.
Em Pouso Alto, na Paraíba, um conjunto dessas misteriosas inscrições teve a curiosa tradução:


'Somos filhos de Caná, de saída, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano de 19 de Hiram, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion Geber, no mar Vermelho, e viajamos com 10 navios. Permanecemos no mar juntos por 2 anos, em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade, nos afastamos de nossos companheiros e, assim, aportamos aqui: 12 homens e 3 mulheres. Numa nova praia que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente passam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor'.

Outro achado curioso aconteceu nas margens do lago Pensiva, no Maranhão, onde foram encontrados estaleiros de madeira petrificada, com espessos pregos de bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes encontrou utensílios tipicamente fenícios no lugar, na década de 1920. Na ilha de Marajó, foram encontrados tipos de portos tipicamente fenícios, parecidos com muralhas de pedras, iguais aos encontrados na costa do território da antiga Fenícia.

Os fenícios formavam um povo da antigüidade que não possuía exército poderoso e nem se dedicava à literatura, porém, ficaram famosos por serem os melhores navegadores de sua época. Viviam em uma faixa de terra de 200 quilômetros, entre o mar Mediterrâneo e as montanhas do oeste do Líbano, onde havia fartura de madeira de cedro própria para a construção de embarcações.



Ilustração de uma embarcação fenícia


Os fenícios foram influenciados pelas bases da cultura egípcia. No início, os fenícios adoravam rochedos, árvores e pedras negras ovais; depois, passaram a adorar os astros e as forças da natureza, chamados de baals; o Sol era o grande baal. O culto a esses deuses era realizado em templos erguidos em lugares elevados ou perto de nascentes de rios. Na iminência de um grande perigo, ou quando se construía uma cidade ou um templo fenício novo, os fenícios sacrificavam crianças, que eram lançadas vivas aos braços incandescentes da estátua de bronze do Baal, aquecida por uma fornalha.



Navio fenício


Tiro foi a cidade mais importante do império comercial fenício e era chamada de 'A Rainha dos Mares'. Com o propósito de enriquecer sem limites, os fenícios foram grandes negociantes marítimos e piratas ao mesmo tempo. Quando estavam em menor número ao desembarcarem em um lugar, apresentavam suas mercadorias e ficavam satisfeitos com o lucro de suas vendas; mas, se eram numerosos e mais fortes que os habitantes da região onde chegavam, incendiavam e saqueavam os povoados, além de raptarem mulheres e crianças que eram vendidas posteriormente em Tiro, Mênfis e Babilônia.




Como exímios navegadores de seu tempo, os fenícios fundaram importantes cidades como Lisboa, atual capital de Portugal, que era uma colônia fenícia e foi fundada há mais de 3 mil anos, sendo a 2ª cidade mais antiga da Europa, mais antiga do que Roma inclusive, só perdendo para Atenas. A palavra Lisboa é de origem fenícia e queria dizer "bom porto"


Os fenícios também defendiam seu controle absoluto sobre os mares que exploravam, exterminando, sem piedade, seus concorrentes. O apego dos fenícios pelo monopólio do lucro de seu comércio chegava a níveis inimagináveis. Conta-se a história de um navio fenício que ia buscar estanho na Sicília e, ao perceberem que eram seguidos por uma embarcação estrangeira, os fenícios preferiram afundar seu navio a mostrarem o caminho do estanho aos inimigos.




Moeda fenícia


Para afastarem os possíveis concorrentes de seus territórios, os fenícios contavam lendas fantásticas sobre as terras que exploravam; diziam que a Sicília era habitada por gigantes que se alimentavam de carne humana; e que a África era cheia de monstros horrendos.




Utensílios fenícios

Teria esse curioso povo da antigüidade estado no Rio de Janeiro e esculpido uma esfinge na Pedra da Gávea para realizar ali sacrifícios religiosos e sepultar seu rei Badezir muito antes do século 1 da era cristã? Para muitos pesquisadores modernos, a resposta é não.




Pedra da Gávea com a Barra da Tijuca à direita ...





e vista a partir do mesmo bairro carioca


O geólogo Marco André Malmann Medeiros, da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) afirma que as supostas inscrições são falhas geológicas na pedra, resultantes do desgaste dos minérios mais sensíveis ao longo do tempo. Já o antropólogo cultural e professor Francisco Otávio da Silva Bezerra, um dos fundadores do Centro Brasileiro de Arqueologia, afirmou que não há prova científica da vinda dos fenícios ao Brasil.




No outro extremo das explicações relativas aos mistérios sobre a Pedra da Gávea, os membros da Sociedade Brasileira de Eubiose definem o local como um ícone da presença fenícia no Brasil. Outra expressão dos mistérios da Pedra da Gávea é um suposto 'portal' de quinze metros de altura, marcado por uma reentrância próxima ao topo da Pedra, do lado voltado para a Barra da Tijuca. Para muitos místicos, trata-se de um portal que dá acesso à outra dimensão, ou à entrada para Agharta, que seria um império subterrâneo com milhares de habitantes. A revista 'O Cruzeiro', que marcou época na história do jornalismo brasileiro, publicou, em 1952, uma foto em que aparece um suposto disco voador ao lado da Pedra da Gávea.




Entre o ceticismo e a crença de que os mistérios da Pedra da Gávea são marcos físicos e históricos que comprovam teorias sobre a presença fenícia nas américas, olhar para a forma tão particular da Pedra, a partir do oceano ou das areias da orla carioca, deixa a dúvida que, talvez, jamais seja esclarecida pelo simples fato de suas verdades plenas estarem perdidas em algum lugar muito além das primeiras páginas dos livros de História do Brasil, que definem o começo como sendo a chegada das 13 caravelas de Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro, em 22 de abril de 1500.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O DISCO NEVERMIND DO NIRVANA E SUA POLÊMICA COM O FACEBOOK

Por Cássio Ribeiro

Antes de falarmos sobre a polêmica relativa à suposta proibição da imagem da capa do álbum Nevermind do Nirvana pelo Facebook na semana passada, é necessário compreendermos o que representou e representa o disco para o Rock em toda a sua história.
O disco Nevermind é o segundo trabalho de estúdio da banda norte-americana Nirvana, da cidade de Seattle. Foi lançado há quase 20 anos, no dia 26 de setembro de 1991, e vendeu, logo após ter sido lançado, cerca de 26 milhões de cópias, sendo 11,5 milhões só nos Estados Unidos.
Nevermind projetou rapidamente em todo o mundo a banda liderada pelo hoje saudoso Kurt Cobain. Crítica e público não economizavam elogios diante de sua variada sonoridade, que não permite ainda hoje defini-lo de forma precisa como rock, pop, underground ou punk.
Além de todo o merecido sucesso que fez e faz com suas faixas, Nevermind, que está na lista dos 200 discos definitivos no ‘Rock And Roll Hall Of Fame', talvez tenha seu principal atrativo não apenas no auditivo dos acordes e dos espancamentos da bateria de suas canções, mas também na sua capa totalmente inusitada e inovadora até então, que foi eleita pela revista Rolling Stone como a melhor capa de todos os tempos.
Nevermind também foi eleito pelo canal de TV norte-americano VH1 como o 2º melhor álbum de toda a história do Rock, perdendo apenas para o disco Revolver, dos Beatles. E é lógico que perder apenas para os Beatles é, de certa forma, como perder para Pelé na história do Futebol, e ocupar, assim, também um pouco do primeiro lugar.
O mais curioso de tudo está na simplicidade da forma como a foto da capa de Nevermind foi produzida, e no preço pago pelo fotógrafo para os pais do “modelo”.
Em 1991, o jovem americano Spencer Elden era apenas um Bebê. Seus pais o soltaram pelado em uma piscina do Rose Bowl Aquatic, na Califórnia. Spencer foi atraído por uma nota de 1 dólar presa em um anzol de verdade e o fotógrafo Kirk Weddle usou um rolo de filmes fazendo fotos do nadador sedento pelo dólar. Os pais do então bebê Spence receberam a pífia quantia de 200 dólares pela exposição no ensaio fotográfico aquático que produziu a imagem escolhida para a capa do disco Nevermind do Nirvana.



A lendária capa do disco Nevermind, do Nirvana



Na semana passada, em 27 de julho, após ser publicada no perfil oficial da banda Nirvana no Facebook, a imagem da capa do disco Nevermind foi censurada e tirada do ar pelo próprio Facebook. O motivo alegado foi que a imagem violaria um dos termos de uso do site, que proíbe a publicação de imagens de nudez.
Dois dias depois, já em 29 de julho, representantes do site de relacionamentos Facebook, em declaração à revista britânica NME, negaram que o site tivesse censurado a capa do disco Nevermind. “A foto da capa de Nevermind não viola os termos do Facebook, que permite a postagem de fotos de crianças (bebês) nuas que claramente não estejam em posições sexuais por vontade própria. Se os pais quiserem compartilhar as fotos de seu bebê com seus avós, não gostaríamos que eles fossem incapazes de compartilhar pelo Facebook”, disseram os representantes do site de relacionamentos.
Recentemente, Spencer Elden recriou, dessa vez vestido com um calção, a singular foto da capa de Nevermind na mesma piscina do Rose Bowl Aquatic Center, na Califórnia.



"É estranho pensar que muitas pessoas já me viram pelado. Eu me sinto como o maior astro pornô do mundo", disse Spencer Elden ao site da MTV norte-americana

No próximo dia 26 de setembro, a gravadora americana Reimagine Music lançará uma coletânea para comemorar os 20 anos de lançamento do disco Nevermind. A coletânea, na qual as 12 faixas de Nevermind serão regravadas por diversos artistas do Rock de todo o mundo, se chamará "A 20th Anniversary Tribute To Nirvana's Nevermind" e terá como única atração do Rock brasileiro a cantora Pitty, que foi convidada para regravar a faixa 10 de Nevermind (Stay Away), e cujo trabalho de gravação já foi concluído pela rockeira brasileira no início de julho último, em um estúdio de Nova York.

Ouça no link abaixo, a versão original de 'Stay Away' lançada em 1991, no disco Nevermind:
http://www.youtube.com/watch?v=xA5HbqgCIUE

quinta-feira, 28 de julho de 2011

SKATE: UM GIRO POR DENTRO DO ESPORTE DAS PEQUENAS RODAS

Por Cássio Ribeiro


Uma coisa é certa: o esporte chamado skate surgiu num dia de mar liso, sem ondas.


Bem no início da década de 1960, surfistas da Califórnia entediados com o mar calmo adaptaram rodas de patins em pranchas de surf para descerem as longas e famosas ladeiras de asfalto extremamente liso da cidade de São Francisco. O local é famoso pelas gravações de cenas de perseguição e saltos de carros para os filmes de Hollywood.




Marcelo Coruja desafiando a gravidade no skateparque de Guaratinguetá/SP



A primeira modalidade da prática do skate foi o Freestyle, que é uma espécie de dança composta por acrobacias no solo. Utiliza um skate menor e dispensa saltos e rampas.



O Freestyle ou estilo livre


No início da década de 1970, o skate perdeu espaço para as bicicletas. Muitas pistas fecharam e só alguns amantes do esporte continuaram a praticá-lo em vias públicas, corrimãos e praças.


Nascia a modalidade Street, na qual o skatista anda nos meios urbanos em qualquer lugar que represente obstáculo e a qualquer hora, inclusive em sessões que acontecem no meio da madrugada.





No Street, os obstáculos naturais das cidades e o skate se encontram



No final da década de 1970, houve um racionamento de água nos Estados Unidos, e as piscinas da Califórnia foram esvaziadas. Arredondadas e lisas, acabaram servindo de cenário perfeito para o surgimento da modalidade Vertical.






Seca nos EUA + piscinas vazias = surgimento do Vertical

Em 1991, o esporte pegou carona com a explosão fenomenal do disco Nevermind, da banda Nirvana, e adquiriu estilo arrojado com manobras mais radicais e desafiadoras em pistas cada vez mais verticais.



Bob Burnquist momentos antes de se "jogar" em mais um arriscado drope na Megarampa


O primeiro desafio para quem quer começar a praticar o esporte é achar o centro de gravidade (equilibrar-se sobre o skate de forma estável), depois levantar a frente e dar as primeiras batidas e giros de 360 graus, passando então para o estágio do "ollie", que consiste em saltar batendo a parte traseira do skate, ao mesmo tempo em que estica a perna dianteira à frente. Essa é a primeira manobra básica do skate e serve de base para todas outras.



Para o iniciante, deve ficar claro desde o início que skate, satisfação e queda convivem juntos sobre as quatro rodinhas. Os equipamentos de segurança são essenciais e obrigatórios. "Não adianta querer evoluir de um dia para o outro; 90% no skate é transpiração e 10% inspiração."


O lema desde o início, se há o desejo de realizar uma manobra, é repetição e repetição, explica o skatista Marcelo Coruja de Guaratinguetá/SP. Com 31 anos, Coruja é tricampeão amador do Vale do Paraíba e 17º colocado da primeira etapa do mundial de skate realizada no Brasil, estando entre os 30 melhores skatistas do país. Coruja considera o esporte uma espécie de dependência e acha os brasileiros os melhores do mundo. Para ele, a falta de investimento obriga os profissionais a morarem no exterior.



Acidente de percurso de Marcelo Coruja





 Skate, satisfação e queda convivem juntos sobre o carinhosamente chamado "carrinho"



Andar de skate é improvisar, equilibrar-se, ter coragem e força de vontade. É saber cair, sem beber, e depois levantar. É prever a distância e a velocidade necessárias para realizar uma manobra. É sentir o vento cortar o rosto de forma aveludada como o mel que acaricia a garganta ao descer.



Calças ou bermudas largas, tênis surrado, camisetas compridas e boné; figurino que, junto com o carrinho, torna o esporte singular e se funde em um todo como a expressão do próprio corpo no desafio da gravidade.



ENTREVISTA COM MARCELO CORUJA




Marcelo Coruja, como é conhecido, ganhou o primeiro skate de seu pai aos 7 anos de idade para "brincar". Com o apoio dos pais, alguns anos mais tarde iniciou a carreira de skatista em Guaratinguetá, cidade do Vale do Paraíba paulista. 

O esporte tornou-se seu ritmo de vida e passou a ser sua principal atividade. Já participou de mais de 230 campeonatos na categoria Street, conquistando ótimas colocações. Confira abaixo uma entrevista exclusiva com Marcelo Coruja, acompanhada de um ensaio fotográfico com momentos do skatista em suas radicais manobras.









Coruja fazendo seu fusca modelo 1953 fabricado na Alemanha ficar pequeno, com a cidade de Guaratinguetá ao fundo e...






pouco antes de dropar


Rádio Web Matrix: Defina o esporte Skate?


Coruja: O Skate foi sempre um esporte inovador e anárquico pelo fato de não existirem regras para a prática. O skatista simplesmente anda. Não é preciso interagir com terceiros, seguir regras ou regulamentos, nem mesmo é necessário um terreno específico para a prática.






Rádio Web Matrix: Até que idade você acha que um ser humano pode andar de skate, ou seja, até quando o corpo humano suporta a prática do esporte?


Coruja: Acredito que não há idade específica para parar. Conheço pessoas mais velhas que andam muito bem. O segredo está nos cuidados com o corpo, treinos regulares, disciplina.






Rádio Web Matrix: Até que idade você pretende andar de skate?


Coruja: Andarei até quando as pernas deixarem (risos). O skate corre no meu sangue. Enquanto correr sangue em minhas veias, vou estar em cima do carrinho.





Rádio Web Matrix: Quais os sons (músicas) que você curte ou prefere curtir quando se arrisca nas manobras da modalidade Vertical? São os mesmos sons que escuta quando faz Street, ou quando anda Street prefere outras músicas?


Coruja: Não diferencio os sons e gosto de tudo, mas o que mais me inspira são os gritos da galera. A motivação alheia domina meus pensamentos. Faço coisas por impulso.



Rádio Web Matrix: Vi no seu site que você agora também está participando de campeonatos como juiz confederado pela CBSK (Confederação Brasileira de Skate), depois de passar por um teste de avaliação da confederação, no qual somou 84 pontos. Quanto que a experiência na prática do esporte por longos anos influencia no julgamento das manobras como juiz durante os campeonatos?


Coruja: Como na maioria dos esportes, para ser árbitro e estar apto a julgar um atleta é preciso passar por uma série de avaliações físicas, psicológicas e teóricas. No skate não é diferente. Os testes não são fáceis e mesmo o mais experiente skatista precisa estudar para se dar bem, principalmente na prova teórica.


Como juiz, tento passar para os skatistas um pouco da minha experiência de vida. Desde o meu começo no skate, foram muitos anos de vida. Passei por muitas mudanças, muitos estilos, muitas diferenciações de manobras, muitos amigos e muitas viagens. De certa forma, tudo contribuiu para a minha concepção sobre o skate, mas não posso ficar só nisso. Procuro sempre estar me atualizando, pois o skate muda muito rápido. Como juiz, tenho a obrigação de saber o que acontece no meio.




Sentado à direita da mesa como árbitro da CBSK


Rádio Web Matrix: Cite alguns nomes da nova geração que você considera boas revelações e promessas para o skate do Vale do Paraíba. Comente sobre o estilo de cada um desses skatistas que você citar por favor?


Coruja: Há uma diversidade de atletas de ponta no Vale. Vou dar dois exemplos de atletas que convivo nos treinos da categoria Street: temos o Thiago Barbosa e o Anselmo Carvalho, ambos com muita variação de combos e saltos. Possuem constância, treinam diariamente, são de Guaratinguetá.



Com Marcelo Coruja ao centro,  a galera de Guaratinguetá no skateparque da cidade, que fica localizado à rua Luiz Pasteur, sem nº, próximo ao Largo do Ícaro, no bairro do Pedregulho. Para saber mais sobre a carreira de Marcelo Coruja, acesse www.marcelocoruja.com.br e corujaskates.blogspot.com

sábado, 23 de julho de 2011

A VINDA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA PARA O BRASIL


Por Cássio Ribeiro


No início do século 19, Napoleão Bonaparte dominava quase todos os países da Europa. O imperador francês conseguiu estabelecer seu controle econômico e político na Europa, graças ao poder militar significativo da França naqueles tempos.



Bonaparte só não conseguiu vencer a poderosa marinha da Inglaterra, que era a principal inimiga e concorrente comercial da França. Nas Ilhas Britânicas, os franceses não conseguiram entrar. Napoleão então decretou o Bloqueio Continental, que proibia o comércio de todo o continente europeu com a Inglaterra, a fim de enfraquecê-la.



No meio dessa literal briga de cachorros grandes, estava Portugal, que era um grande aliado da Inglaterra. Os ingleses eram os principais fornecedores de produtos manufaturados consumidos em Portugal, e grandes compradores de produtos portugueses e brasileiros.

O rei de Portugal, Dom João 6º, estava sem saída, pois se não aderisse ao Bloqueio Continental, teria que enfrentar o poderoso Napoleão, com o modesto e fraco exército português daqueles tempos.









O rei Dom João 6º: uma cômica figura para uns; um sábio estrategista para outros



Depois de adiar muito a decisão, Dom João 6º foi aconselhado pelo embaixador inglês em Lisboa, Visconde de Strangford, a mudar-se com toda a corte para a colônia brasileira. A idéia foi bem aceita pelo rei português, pois impediria o fim de sua Dinastia de Bragança em Portugal. As tropas de Napoleão, já em território espanhol, avançavam rápido em direção a Portugal.




Em 29 de novembro de 1807, Dom João 6º e toda a corte portuguesa, num total de aproximadamente 15 mil pessoas, partiam para o Brasil escoltados por 4 navios de guerra ingleses. Foram 54 dias no mar, até que em 22 de janeiro de 1808, o rei de Portugal chegou a Salvador, na Bahia. Após a manutenção das embarcações e a reposição de mantimentos, a família real portuguesa embarcou novamente em direção ao Rio de Janeiro, onde chegou em 7 de março de 1808. Começava ai uma nova era na história do Brasil.




Depois de despejarem os moradores das melhores casas da cidade do Rio de Janeiro e ocupá-las, os nobres portugueses passaram a influenciar na forma de vida e nos costumes da cidade. Talheres, navalhas para fazer a barba, facas e muitos produtos ingleses chagavam sos montes. A primeira medida do rei Dom João 6º no Brasil foi abrir os portos ao comércio com as nações amigas, o que acabou beneficiando quase que exclusivamente a economia da Inglaterra de forma significativa.




Os ingleses chegaram até a enviar alguns produtos inúteis ao Brasil, como patins para gelo e carteira para notas (só eram usadas moedas por aqui).




A administração real em território brasileiro possibilitou, além da não derrota formal para a França, a manutenção da unidade colonial e do comércio com a Inglaterra. Alguns historiadores afirmam que se a corte portuguesa não tivesse mudado para o Brasil, nosso país hoje estaria dividido em 5 ou 6 nações distintas, a exemplo do que aconteceu com os territórios da América Espanhola.




Já outra corrente dos historiadores prefere classificar a estada da família real portuguesa no Brasil como uma ação parasita, já que havia a exploração das províncias para a manutenção dos mesmos privilégios reais de que a nobreza portuguesa gozava na Europa.




Para esses historiadores, é necessário e essencial buscar um entendimento do tipo de modelo republicano e constitucional que esse período administrativo da corte no Brasil originou em nosso país, até que chegamos aos dias atuais com a realidade dos escândalos políticos e administrativos do nosso sistema republicano capitalista .




O rei Dom João 6º voltou para Portugal em 1821, mas deixou seu filho Dom Pedro I como príncipe regente do Brasil. Os portugueses exigiam a volta do príncipe, a fim de que o Brasil voltasse à condição de simples colônia portuguesa, como era antes da vinda da corte.




Antes de partir, Dom João 6º recomendou ao filho que liderasse um movimento separatista que tomasse conta do Brasil, para que a Família Real de Bragança não perdesse o novo reino. Em 7 de setembro de 1822, a Independência do Brasil era declarada por Dom Pedro I.




Embora a Família Real de Bragança permaneça no Brasil até hoje, representada na figura do bisneto da princesa Isabel e herdeiro do trono Brasileiro, Dom Luiz de Orleans e Bragança, se o sistema de governo monárquico tivesse permanecido no Brasil e a República não tivesse sido proclamada em 1889, a monarquia naturalmente não teria resistido aos períodos posteriores, que foram marcados por dificuldades econômicas e sociais.








Brasão da Família Real de Bragança...





e o bisneto da princesa Isabel, Dom Luiz de Orleans e Bragança, herdeiro do trono brasileiro




A monarquia teria caído durante uma daquelas agitações e revoltas que tomaram conta do Brasil nas primeiras décadas do século 20, e culminaram com a tomada do poder por Getúlio Vargas na Revolução de 1930; mas essa já é uma outra história.




Em 1993, foi realizado um plebiscito para que o povo brasileiro pudesse decidir entre 3 sistemas de governo: presidencialismo, parlamentarismo ou monarquia. Os monarquistas somaram 13% dos votos válidos e a maioria dos brasileiros optou pela manutenção do presidencialismo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

ALDIR BLANC: EQUILIBRADO ENTRE A PSIQUIATRIA E A POESIA

Por Cássio Ribeiro


"Caía, a tarde feito um viaduto, e um bêbado trajando luto, me lembrou Carlitos"..."Meu Brasil, que sonha, com a volta do irmão do Henfil, com tanta gente que partiu, num rabo de foguete"..."A esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista, tem que continuar".





Embora o ex-psiquiatra, cronista, letrista e poeta Aldir Blanc tenha mais de 600 músicas gravadas, quase todo brasileiro já ouviu a canção 'O Bêbado e a Equilibrista', gravada em 1979, na inconfundível interpretação de nossa saudosa Elis Regina.




Na canção, a letra lírica de Blanc se casa com o tom que lembra um clamor triste na voz de Elis. A música transformou-se num símbolo de reivindicação pela abertura política durante o Regime Militar brasileiro. O trecho da letra que fala sobre a volta do irmão do Henfil refere-se ao já falecido sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, fora do Brasil como exilado político na época.





O autor Aldir Blanc nasceu em 1946 e foi criado no bairro carioca do Estácio. Fez sua primeira composição aos 16 anos. Ingressou na faculdade de medicina em 1966 e especializou-se em psiquiatria. Abandonou a medicina em 1973 para dedicar-se exclusivamente à música. Outras canções famosas, nascidas da parceria com João Bosco, são: 'Bala com Bala', 'De Frente pro Crime', 'Caça à Raposa' e 'Mestre Sala dos Mares'.



Como escritor, Aldir Blanc publicou o livro 'Brasil Passado a Sujo', em 1993. No livro, Blanc se revela contista, poeta e cronista, ao abordar com um misto de aspereza e ternura, alguns personagens dos conturbados cenários carioca e nacional.




TIRADAS DE BLANC



"É no boteco da esquina que arquitetamos nossos projetos mais sublimes, nossos sonhos mais elevados - os mesmos que desmoronam assim que enfiamos a chave na fechadura do que convencionamos chamar residência." Jornal do Brasil, 05/05/2005




"Apesar de seu poder devastador, a morte morre de inveja dos frágeis seres humanos: enquanto os desvalidos acharem graça na desgraça, sua vitória não será completa." Jornal do Brasil, 07/07/2005




"Neto cura ressaca, depressão, unha encravada, vontade de misturar soda cáustica com Campari. Até pegar piolho de neto vira uma festa cheia de desdobramentos imprevisíveis. E o vô, já entrando aos tropeços na terceirona, ri, ri, ri etc." Jornal do Brasil, 23/06/2005





A tecnologia de ponta já deveria ter inventado um detector de corrupção. Era só passar uma tabuinha com nota de dólares na ponta: os olhos do cara se esbugalhariam e as mãos, ainda que algemadas, procurariam as verdinhas." Jornal do Brasil, 09/06/2005




Fechada dentro de um táxi, numa transversal do tempo, acho que o amor é uma ausência de engarrafamento." Transversal do tempo, gravada por Elis Regina



"O pior cego é o que, além de não querer ver o próprio rabo, tenta enfiar o dedo no olho dos outros." Jornal do Brasil, 21/08/1998



"Vocês sabem porque eu ainda não morri? Porque eu leio, porque o dia seguinte trará um novo livro." Jornal do Brasil, 24/06/2005