Por Cássio Ribeiro
Os dicionários da língua portuguesa definem, num contexto generalizado, o significado da palavra império como: (1 - Nação regida por um imperador), (2 – Autoridade, comando e domínio) e (3 – Grande empresa ou conjunto de empresas de um único dono).
O Brasil libertou-se de Portugal em 1822, passando a ser, a partir de então, uma nação teoricamente livre e independente. Porém, o contexto surgido um pouco antes, a partir das revoluções Francesa e Industrial inglesa, apresentou ao mundo uma nova classe muito mais tirana que as anteriores (senhores feudais e nobreza); falo da burguesia, aquela mesmo que, como dizia a letra do saudoso poeta Cazuza, fede.
Fede a burguesia, dentro de uma mesma nação, quando explora o ser humano operário pobre. Fede a burguesia, quando coloniza, invade, catequiza e impõe suas regras de mercado, que transformam países com imenso potencial como o Brasil, livre em teoria desde 1822, em meros dependentes colonizados em pleno correr do século 21.
Esta dominação começa por meio da dependência econômica e se complementa numa intensa influência nos costumes culturais do país dependente. Apresentando nosso Brasil como exemplo, até a década de 1960, nossa cultura era influenciada pelos
costumes franceses e, a partir dos 60, passamos a sofrer uma ‘invasão’
norte americana de influências culturais cada vez mais freqüentes na
alma e na essência de nossa ‘brasilidade’ original. Hoje, somos muito
mais próximos culturalmente dos Estados Unidos do que de nossos vizinhos
sulamericanos.
O poder econômico das empresas e dos bancos dos países ricos controla o país mais pobre, cada vez mais endividado e sem possibilidades de investimento em sua produção industrial, crescimento e resolução dos problemas sociais de seu povo.
A principal característica dos países ricos capitalistas, cujos principais exemplos são Estados Unidos, União Européia e Japão, está na posse de suas empresas, fábricas e fazendas nas mãos de uma minoria de pessoas, e não dos verdadeiros donos, o povo e o Estado. Essas empresas privadas dos países ricos precisam crescer e aumentar cada vez mais seus lucros. Tal crescimento dos lucros começa dentro de cada país. As grandes empresas assumem então o controle absoluto de um mercado interno, derrubando as menores da concorrência.
As grandes empresas reduzem seus lucros vendendo seus produtos mais baratos. Dessa forma, destroem os pequenos concorrentes e os preços dos produtos voltam a subir posteriormente, ficando mais altos do que antes. O mercado interno de um país passa a então a ser dominado de forma absoluta e desaparece a livre concorrência, que é uma característica muito defendida pelos capitalistas para promover seu sistema.
Nesse estágio de monopólio absoluto, o Capitalismo sai de sua nação de origem e se espalha pelo mundo gerando o Imperialismo de que nós brasileiros tanto somos vítimas, quase sempre sem termos consciência desse processo de dominação.
A ONU (Organização Mundial das Nações Unidas), controlada pela minoria de países ricos, que se organizaram numa assembléia a fim de partilhar o mundo em retalhos de zonas de influência, chama seus fantoches econômicos de emergentes, no lugar da denominação anterior (países do 3º mundo).
Peraí, emergente de onde para aonde, se não existe nenhuma sombra de possibilidade de um dia todos os países do mundo tornarem-se igualmente ricos. Se todos os países do mundo consumissem na mesma escala que os Estados Unidos, seriam necessários uns 3 planetas Terra como fonte de matéria prima; matemática impossível essa.
Tolos são aqueles que acreditam na historia imposta pelos países ricos para maquiar a sua dominação imperialista pelo mundo.
É muito fácil classificar o presidente venezuelano Hugo Chávez como
louco e inconseqüente, como é feito atualmente pela grande mídia.
Sempre que alguém conclama os países pobres a se unirem, logo é tratado com desdém e ares de desmoralização e descrédito pela grande imprensa, que por sua vez pertence aos grupos de comunicação ligados aos interesses imperialistas da elite interna de cada país. Essa elite se vende e escraviza seus semelhantes nacionais das classes sociais menos favorecidas.
Conscientização, reação e mudança são fatores que devem ser
inseridos na educação de base do povo. A mudança deve começar pela fase
de socialização das novas gerações, já que as gerações anteriores foram
envolvidas desde seus verdes anos pelo modelo que aí está, e nunca possibilitará mudanças em termos de igualdade social e econômica.
O
mal econômico, a miséria, a inflação, o crime e o caos nas grandes
cidades brasileiras são simples reflexos do pior produto que vem de fora e nos é imposto sem possibilidade de escolha; um produto em forma de sistema, que a maioria dos brasileiros nem sabe que existe, trata-se do Imperialismo.
Autoridade, domínio e imposição: termos abstratos de um sistema que mostra-se apenas nas conseqüências e não na base de suas causas. Ocorre de forma sutil sem ação
armada, mas domina, escraviza, invade, e subjuga seres humanos tão
humanamente comuns quanto seus dominantes primatas e, porque não,
imperialistas selvagens.