domingo, 26 de agosto de 2018

CULTURA CAIÇARA: AS EXPRESSÕES DO HOMEM DO MAR DO SUDESTE BRASILEIRO



Por Cássio Ribeiro



“Os brasileiros se sabem, se sentem e se comportam como uma só gente, pertencente a uma mesma etnia. Vale dizer, uma entidade nacional distinta de quantas haja, que fala uma mesma língua, só diferenciada por sotaques regionais.”

O trecho acima, do livro “O Povo Brasileiro”, obra do saudoso antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), menciona o Brasil integrado em um único Estado Federal, mas salienta as diferenças regionais.

O homem do sertão do sudeste brasileiro, formado a partir de uma mistura entre os costumes dos andarilhos Bandeirantes paulistas e a cultura dos índios que habitavam o interior do Brasil, é muito similar àquela expressão cultural do homem do litoral brasileiro, já que, na beira do mar, também houve uma mistura entre a cultura portuguesa e a cultura indígena.






Tal mistura no litoral foi incrementada pela experiência que os índios tinham com o mar, já que sabiam viver de forma rústica e sobreviver à beira do oceano. Posteriormente, com a vinda dos escravos africanos, a cultura afro também contribuiu com a formação das manifestações culturais do homem do litoral do sudeste brasileiro, o chamado caiçara.




É costume no estado de São Paulo chamar aqueles que nascem e vivem perto do mar de caiçaras. Boa parte do litoral de São Paulo se desenvolveu entre a encosta da Serra do Mar e o Oceano Atlântico.

A cidade de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, apresentou entre 23 de agosto e hoje, 26 de agosto, o 13º Festival da Cultura Popular Caiçara, onde se pôde ver expressões culturais da culinária, arquitetura, artesanato e música caiçara.



Na culinária, destaque para a chef Jéssica Moura, de Ubatuba, com seu cuscuz de frutos do mar.



O saborosíssimo prato, com lula, camarão, marisco, polvo e peixe, ganhou um concurso de gastronomia realizado em Santos, concorrendo com receitas vindas de todo o estado de São Paulo.



Na arquitetura, a casa de pau a pique com telhado de palha.




E o rústico fogão a lenha.




Além da janela, singelamente decorada com capricho; era, em sua forma simples, expressivamente nobre.



Num canto da casa, havia as belas obras do artesão caiçara José Moura, de 65 anos.




Moura, como é chamado pelos amigos, declara-se caiçara e tem muito orgulho disso.

Neste domingo pela manhã, haveria uma corrida de canoas bem em frente o local da festa. 

Por volta das 10h, chamava a atenção apenas uma competidora pronta para a corrida.




Era Hayssa Zandona, 42 anos, que tinha nas mãos seu novo remo a ser inaugurado na ocasião. Em madeira virgem, e entalhado com linhas arrojadas até sua fina ponta, era segurado pela desapontada Hayssa ao receber a notícia de que a corrida de canoas havia sido cancelada por conta da chuva e do frio nessa manhã de domingo em Ubatuba.

Mas a moça informou que todo mês acontece a corrida das canoas no local.



Aliás, outra peça que chamava a atenção na casa caiçara durante a festa eram as miniaturas de Maria Comprida.




A grande e imponente canoa caiçara, em seu tamanho original de 7 metros, pode levar até 12 caiçaras deslizando pelo mar.

Maria Comprida nasce do entalhe em um tronco só; peça única produzida por uma técnica herdada da cultura dos índios que habitavam o litoral.

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