Por Cássio Ribeiro
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em
1945, o mundo foi dividido em dois grandes polos de influência política. De um
lado, os interesses capitalistas dos Estados Unidos, de outro, a então União
Soviética com seu sistema socialista centralizado no monopólio de poder do
Estado.
Embora jamais a URSS e os EUA tenham entrado
em combate armado diretamente, ocorreu a chamada Guerra Fria, na qual vários
conflitos pelo mundo foram financiados pelas duas potências, estando sempre de
um lado ideias capitalistas e, de outro, ideias socialistas, como nas guerras
do Vietnã e da Coreia por exemplo.
Voltemos ao cenário mundial dos dias de hoje,
século 21, no qual são minoria as casas e pessoas pelo mundo que não tenham
acesso à rede mundial de computadores; e é aí que “mora” o novo conflito.
Viajemos para a cidade de Gaoqiao, norte de Xangai,
China. Perto de uma usina petroquímica, um prédio branco de 12 andares se
destaca no visual. É a sede da chamada Unidade 61398 do Exército Popular de
Libertação da China.
Funcionários
da Mandiant, que é uma das empresas norte-americanas responsáveis pela
segurança na área de internet nos Estados Unidos, garantem, após três anos de
investigações, que as organizações que atacam os meios de comunicação
americanos, agências do governo e empresas comerciais na WEB estão localizadas
em sua maioria na China, e que o governo chinês está totalmente ciente e lidera tais
atividades.
A inteligência norte-americana afirma que a
grande maioria dos ataques via internet partem do prédio chinês localizado em
Xangai. Pode-se dizer que os Estados Unidos encontram-se em uma atual guerra
fria digital com a China. “Até a segunda metade da década de 80, os Estados Unidos voltava suas atenções para as ogivas nucleares soviéticas. Hoje, é justo dizer que
os EUA se preocupa com os servidores em Xangai", disse recentemente um oficial sênior de defesa dos Estados Unidos.
Embora a empresa de
segurança Mandiant não tenha conseguido identificar todos os ataques como
saídos do mesmo prédio, o máximo de precisão da localização das origens dos ataques coloca-os em uma área muito pequena, ...
o que acaba levando ao entendimento
claro de que os hackers estavam reunidos no prédio branco de 12 andares do
Exército Chinês em Xangai, que é a sede da Unidade 61398 do Exército Popular da
China. Atualmente, jornalistas chineses e estrangeiros são impedidos por soldados, todas as vezes em que tentam se aproximar para fotografar a edificação. Os fotógrafos tem os cartões de memória de suas câmeras abruptamente confiscados
O estudo de 74 páginas divulgado pela empresa
Mandiant mostra que os ataques são realizados pelo mais sofisticado grupo de
hackers chineses, conhecidos por suas vítimas nos Estados Unidos como “Grupo de
Xangai”.
A versão original e completa do relatório da Mandiant
pode ser lida no link abaixo:
Segundo o relatório, o grupo, que é diretamente
controlado pelo governo chinês e é considerado o conjunto dos hackers mais
perigosos do mundo, chama-se na verdade “APT1” (Advanced Persistent Threat) ou
Ameaças Persistentes Avançadas.
De acordo com um documento emitido pela CIA (Agência Central de Inteligência Americana)
para todas as 16 agências de inteligência do Estados Unidos, tal grupo é formado
por militares oficiais do exército chinês, que dominam a língua inglesa e os
ambientes de programação e de gestão de redes em computadores. Também existem
civis contratados que integram o mesmo grupo de hackers.
O relatório aponta que o grupo APT1
é capaz de ter acesso e se apropriar de grande quantidade de informações, e
costuma ter como alvo infraestruturas norte-americanas como atividades
energéticas, empresas de comunicação e instituições financeiras.
O Documento da Mandiant afirma
que, em ataques já realizados, o grupo teve acesso e baixou terabytes de dados
de empresas como Coca-Cola, além de empresas ligadas à rede de energia
elétrica, distribuição de gás e água.
Outros alvos importantes foram o
computador da empresa de segurança RSA, que protege bancos de dados do Governo
Americano, e uma empresa com acesso direto para mais de 60% dos oleodutos e
gasodutos da América do Norte.
Funcionários da embaixada chinesa em Washington rebatem as acusações
dizendo que o governo da China não tem envolvimento com hackers e que a
China também é vítima dos mesmos ataques digitais. Os chineses também afirmam que
muitos grupos de hackers internacionais estão dentro do próprio Estados Unidos.
''Fazer acusações
infundadas baseadas em resultados preliminares é tanto irresponsável e pouco
profissional, além de não ser útil para a resolução de problemas relevantes. A China se
opõe resolutamente a ações de hackers e estabeleceu leis e regulamentos com
medidas rigorosas da lei de execução para se defender contra atividades online
de hackers. Fundamentar-se em endereços de IP de computadores para dizer que
estes ataques vem da China denota uma ignorância de regras técnicas básicas. Todo
mundo sabe bem que todos os dias endereços de IP falsos são utilizados por hackers.
Os ciberataques são obviamente transnacionais, anônimos e enganadores. Existem
muitas incertezas sobre sua origem”, afirma
Hong Lei (foto acima), porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da
China.
A lista de
vítimas de ataques é extensa e inclui os jornais The New York Times e Wall
Street Journal, além das empresas de Internet Twitter, Google e Facebook.
O jornal The New
York Times afirma que os hackers roubaram chaves e acessaram computadores
pessoais de 53 empregados, após o jornal ter publicado um artigo sobre a
fortuna do primeiro-ministro marxista Wen Jiabao.
Apesar de a
maioria das vítimas estar instalada nos Estados Unidos, o Canadá e o Reino Unido também são alvos relativamente
frequentes.
Esperamos inclusive agora,
de coração, que depois desta postagem a página da 101% Rock não seja atacada
pelos fraternos companheiros hackers chineses e nem pelos queridos sócios
norte-americanos.
Sendo assim, na próxima
postagem será apresentado o outro lado dessa nova Guerra Fria em tempos de cyberespionagem via internet.
Se a China é ou não a
responsável pelos ataques virtuais de hackers a empresas de todo o mundo,
deixemos as investigações e os indícios responderem por si só.
Veremos na próxima publicação
deste blog que a própria China e até mesmo o Brasil foram e são vítimas de constantes
espionagens e invasões internacionais.
Nesses tempos de guerra fria
virtual do nosso início de século 21, é facilmente percebido que os “tiros” são
disparados de todos os lados para todos os lados e, quase em todas as vezes, os
atacados nesse processo de invasão tão silencioso e sorrateiro, não se dão
conta dos ataques e até mesmo de onde vem a virtual invasão ou “tiro”.
A Internet é, sem dúvida, um
território ao mesmo tempo democrático, que permite acesso à informação e a
expressão pública da opinião de todos os indivíduos de todas as classes sociais,
e que também não possui cercas, muros, portões e limites territoriais 100%
seguros para ninguém em termos de proteção contra invasões.